terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Hoje : Três vezes Bravura Indômita

A saga de Mattie Ross e de como ela buscou justiça ao assassinato de seu pai, acompanhada pelo alcoólatra U.S Marshal caolho Rooster Cogburn e pelo
Texas Ranger LaBoeuf, tornou-se um grande passatempo.Fanático por westerns, já havia assistido o original e tenho de dizer que nem de perto foi o mais marcante pra mim.Quando vi o trailer da nova versão dos Coen com God’s gonna Cut you dowm do Johnny Cash minhas expectativas aumentaram.Achei que seria bacana fazer um esquenta para a estréia do novo dos irmãos lendo o livro de Charles Portis e revendo o filme de 1969.

Livro em mãos.A arte da capa pela editora Alfaguara é basicamente o cartaz do filme, uma estratégia de venda picareta e irritante que comumente acontece.Muito mudaram minhas perspectivas sobre a conhecida trama.Me esforcei para ver como algo inédito.A adulta Mattie Ross relata o inverno em que buscou vingança, penetrando quase que sozinha por um universo obrigatoriamente masculino onde não há espaço para maniqueísmos.Uma personagem marcante por sua fibra e religiosidade.Quando discorre sobre algo e indica um versículo da bíblia para fortalecer seu discurso, o autor promove um exercício metalingüístico, que me fez recorrer a bíblia em uma jornada “Além da história” para compreender melhor aquela pessoa.A narrativa não se preocupa com descrições muito detalhadas, a leitura é rápida e os maiores tesouros são os personagens.Além de Cogburn e Mattie, o assassino Tom Chaney e o líder dos ladrões Lucky Ned chamam a atenção.O primeiro por sua covardia azarada e o segundo por se afastar do protótipo clássico do ladrão malvado. Acontece com ambos, caras maus porem humanizados.Foram três noites agradáveis e um desfecho contra as expectativas.

Revendo o filme com John Wayne, aquele clima de aventura para toda família que não agradou muito da primeira vez me pareceu completamente equivocado depois de ler o livro, que se encaixaria sem muito esforço na família dos Westerns revisionistas.Quando o filme foi feito, cinco anos depois do lançamento de Por Um Punhado de Dólares de Sergio Leone, o conceito já era conhecido mas mesmo assim o diretor Henry Hathaway optou por uma visão clássica.Não simpatizo com o estilo do Wayne, mas negar sua aura icônica neste filme seria burrice.Sim, ele estava muito bem barbeado para um bêbado e não,não é uma grande atuação.Contudo, se analisarmos que ele já estava no fim da carreira e que aquela visão do velho oeste era obsoleta, sua visão da personagem como um sujeito decadente e muito mais fanfarrão que ambíguo moralmente soa como uma prova de bom humor perante as mudanças no jogo.O filme entretêm.É inevitável salientar como descaracterizaram completamente a protagonista e o final. A primeira versão trás ainda um jovem Robert Duvall como Lucky Ned.

E a hora de ver Bravura Indômita pelos Irmãos Coen chegou.Eles, que já haviam se ariscado no gênero em Onde os fracos não tem vez, entregam como sempre um excelente filme.Fiel ao espírito da obra e dono de uma fotografia belíssima, arisco a dizer que é a mais bela de toda obra deles.Há mudança na ordem dos acontecimentos e acréscimo de novas cenas, como a inusitado primeiro contato entre Mattie e Cogburn ou a do homem enforcado na estrada só para citar exemplos.O roteiro acaba tirando o LaBoeuf da ação por um tempo para estreitar os laços entre a menina e o velho cowboy caolho agora vivido por Jeff Bridges (fidedigno). O que fortalece a relação de cunho paterno entre a menina que perdeu o pai e o homem que deixou um filho para trás.Fator sutil e grande força do desfecho, seguido aqui a risca ao do livro.E ainda sobra espaço para o humor negro, a bizarrice e a explosão violenta típica destes gênios do cinema norte americano.O elenco : Impecável.Me diverti com os dois filmes e com a leitura.Todos são dignos de recomendação.O texto ficou enorme.

Vinicius Maia direto da velha Ford Smith da imaginação para o Furdunço no Semáforo

4 comentários:

  1. Seu dia né quinta boiolão? Leia meu post abaixo. Tem uma piada que foi você que me contou. Abraço! Ah, se eu tivesse grana eu assistiria a um dos filmes. Valeu mano velho!

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  2. Eu curti bastante o filme. =D

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  3. Não vi o filme e nem o livro mas gosto do Johnny Cash. Parece interessante mesmo!

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