Hoje : Rock The Casbah!

Domingo é tedioso.Segunda não presta.Quarta tem futebol depois da novela.Quinta vem antes da Sexta.Sexta é cool.Sábado também.Mas, e a Terça?Sei lá.O Clash é uma das bandas mais importantes da primeira cena do punk rock britânico, "única banda que importa" como a gravadora vendeu na época. Até o mais desinformado já deve ter ouvido Should I stay or Should I go.Ainda que desnecessário frisar, The Clash é muito mais.É o punk visceral de White Riot, o skar de Rudie can’t fail, o reggae de Bankrobber,o protesto punk com ecos de hip hop de The Magnificent Seven,
a balada perfeita para corações partidos de Train in Vain, o ritmo dançante de This is Radio Clash e por ai vai. Experimentalistas de primeira que jamais perderam a essência rebelde, politizada e questionadora do punk.Sem deixar de lado a irreverência.

Oficialmente, Rock The Casbah surgiu quando o empresário da banda reclamou da duração de uma das gravações, chegando a comparar-la a uma raga, música clássica indiana tão extensa quanto complexa.Porém existem teorias que apontam como grande “musa inspiradora” Ruhollah Khomeini, líder aiatolá que ao chegar ao poder depois da revolução Islâmica, proibiu todo e qualquer tipo de manifestação musical no Irã alegando que “A música é como uma droga” a qual impede o cidadão de “dedicar-se a atividades importantes”.Na letra da música há passagens para fortalecer ambas historias, mas isso pouco importa.

A canção gira em torno do shareef(ou sharif, nunca sherif) que decide proibir o rock n’roll na sua Casbah, por ordem do profeta que temia que o ritmo pesado degenerasse a conduta de seu povo.Contudo os beduínos vão de encontro ao líder, compram instrumentos e começam a fazer um som para multidão.Por fim o shareef manda seus aviões de caça para deter o motim, mas até seus pilotos acabam contagiados pelo “crazy Casbah sound”.Mais do que a história e como ela é contada, é o uso de expressões advindas das culturas indiana, judaica e árabe que tornam a obra única.Afinal o que elas significam?

Resumidamente Casbah é uma cidadela cercada por muros ou muralhas bastante comum no norte da África e em cidades árabes. Sharif qualifica dinastias, o nome está ligado àqueles que protegem uma tribo. Os Beduínos são exímios comerciantes nômades que vivem em desertos(atualmente, são minoria étnica e tornam-se cada vez mais sedentários). Minarete é a torre de uma mesquita, local onde o Muezim anuncia o momento das cinco preces diárias devidamente voltadas para Meca(na Suíça os minaretes despertaram oposição religiosa e política anos atrás). Kosher é uma expressão da lei judaica usada para denominar os alimentos que podem ser comidos.Na letra significa "legítimo" ou "aceitável"(O Shafif não tolera o rock).

No vídeo clipe hilariamente tosco, um Sheikh e um judeu dividem amigavelmente a cena, um retrato do desejo da banda em ver árabes e israelenses em paz.Votos aos quais Tio Sam não comunga até hoje.De toda sorte, a faixa do CD Combat Rock de 1982,tornou-se sucesso em solo estadunidense e a música acabou virando uma das “músicas temas” da Guerra no Golfo.A alegoria do rock como força matriz na luta contra a tirania acabou distorcida com o leviano propósito de simbolizar o ocidente supostamente civilizado e sua luta para “salvar” o oriente médio e seu povo.Uma triste e amarga ironia para uma banda esquerdista a qual muitas de suas letras criticam a alienação e o consumismo que nos faz ter empregos que odiamos, traços de uma sociedade ferozmente capitalista que ainda hoje encontra seu símbolo máximo nos USA.Tachada de conservadora, Rock the Casbah acabou na lista de canções banidas pelo conglomerado da mídia Clear Channel no pós 11 de setembro junto com Highway To Hel, Lucy In The Sky With Diamonds e New York, New York, entre outras.

Curiosidades e polêmicas a parte, Rock the Casbah conquista a todos com seu ritmo contagiante, um refrão marcante e uma historia muito doida.AGITE O CASBAH E TENHA UM ÓTIMO DIA!

OBS: Assista o Clipe em http://www.dailymotion.com/video/x1gr0r_the-clash-rocking-the-casbah_fun.

Vinicius Maia para o Furdunço no Semáforo