quarta-feira, 1 de julho de 2009

Não é mais um daqueles filmes panfleto

Algumas horas atrás tive a oportunidade de assisti Jean Charles, produção nacional sobre a vida do brasileiro que em 2005 fora assassinado por policiais britânicos que o confundiram com um terrorista.Para sorte de todos, não se trata de mais um daqueles filmes panfleto.Henrique Goldman, diretor do longa metragem, prefere traçar uma bem vinda crônica sobre a vida dos brasileiros que vão tentar uma melhor sorte fora do país, seus objetivos, anseios e dificuldades em terras estrangeiras.
Os “guias” do telespectador por este mundo são Jean e Vivian, prima do protagonista que vai para Londres com o intuito de ajudar os familiares que ficaram no Brasil.Mais uma vez, Selton Mello da um banho de interpretação na pele do Jean Charles de Menezes.A ligeira semelhança entre o ator e o personagem real é apenas um bônus diante da construção feita por Selton, que imprime uma atuação que equilibra com maestria os momentos de humor com os de drama.Seu Jean é um eletricista boa praça que só deseja vencer na vida e que sempre esta disposto a ajudar seus compatriotas, ainda que por vezes enfie os pés pelas mãos.A bela Vanessa Giácomo interprete de Vivian, surge na medida certa e se sai muito bem executando um papel mais dramático do que o de costume.Luis Miranda é outro destaque, apesar dos excessos na interpretação de outro parente de Jean Charles, Alex.Os três, e os outros atores do elenco, contracenam com pessoas que realmente participaram da vida do brasileiro, o que ajuda bastante na veracidade do filme.
A trágica morte de Jean Charles de Menezes termina por ficar em segundo plano, sendo tratada apenas como uma terrível circunstância na vida do brasileiro e de sua família.O episodio representa uma porção efêmera do filme, e é tratado de forma excessivamente delicada, até mesmo pelo caso ainda não ter recebido um desfecho definitivo (nada aconteceu aos desastrados tiras que o mataram e a família de Jean Charles continua lutando por justiça).No fim as contas, a decisão de focar na vida do protagonista antes da fatídica ida ao metrô, humaniza o personagem, tornando-o familiar ao telespectador, que na hora da conclusão do filme não reage friamente ao desfecho já esperado.Jean Charles ainda levanta de forma bem sutil a questão da paranóia e do preconceito para com os imigrantes, conseqüências diretas da guerra contra o terror.Com certeza, ai esta um filme que merece ser assistido nesta temporada.

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