quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Quebrando a primeira Regra (“Você não fala a respeito”)


Assisti mais uma vez Clube da Luta, um dos meus filmes favoritos.Engraçado escrever isso, pois acabo lembrando que na primeira vez que assisti Clube da Luta não entendi muita coisa do filme, o CD que eu havia alugado estava cheio de aranhões, a execução do filme interrompia inúmeras vezes e por horas acontecia "pulos" de uma cena para uma outra mais adiante.Não irei por a culpa por toda minha incompreensão no CD danificado, talvez fosse mesmo difícil de entender para um guri de sexta série.Não cheguei ao fim do filme naquela noite, mas fiquei curioso, intrigado pelo que havia visto.E foi então que durante as ferias, antes de começar a oitava série, eu acabei alugando Clube da Luta de novo, desta vez tomando as devidas providências para não pegar outro DVD aranhado.Foi amor a segunda vista.
Clube da Luta é, muito superficialmente, sobre um solitário sofredor de insônia, um anônimo que procura ocupar os espaços vazios em sua passiva e chata existência com os produtos que adquire em catálogos de compras e freqüentando grupos de ajuda direcionados a todo tipo de pessoa doente.Tudo muda quando durante uma viajem de trabalho, ele conhece um tal de Tyler Durden, um vendedor de sabão carismático e subversivo.Após este encontro, as circunstancias da historia farão estes dois homens tão diferentes fundarem juntos o clube que dá titulo ao longa metragem, uma espécie de terapia em grupo onde seus participantes canalizam toda sua agressividade e frustração lutando uns com os outros.A idéia toma proporções inimagináveis, tornando-se forte a cada dia.O clube da luta é apenas o ponto de partida para um plano revolucionário e ainda maior.Uma dica para quem nunca viu o filme?Tudo pode acontecer.
Mas agora, voltando a ocasião na qual vi ao filme por inteiro pela primeira vez, gostaria de esclarecer que não o compreendi por completo naquele dia.Talvez a explicação esteja na teoria do “o que” e do “como”, afinal é compreensível que um telespectador que visita pela primeira vez uma obra dê mais importância ao “o que vai acontecer” do que ao “como isso vai acontecer”.O fato é que acredito ter alcançado um nível de compreensão aceitável quanto ao filme de David Fincher lá pela terceira vez.Trata-se de uma obra prima complexa, uma critica que a cada dia torna-se mais atual a cerca de como agimos na vida em sociedade: inertes, individualistas, indiferentes, consumistas e alienados a respeito do mundo ao nosso redor (pouca ação e muita reação por nossa parte).É também sobre o homem em conflito com se próprio quando dois aspectos de uma mesma personalidade entram em choque.E se tem uma coisa que eu aprendi nos últimos anos é que se o mundo esta em conflito isso se espelha no homem, e convenhamos, todos nós já lutamos ou lutaremos em algum momento da vida contra nós mesmos.
Ainda é necessário salientar o apuro técnico, o excelente roteiro que se baseia no livro Owl de Chuck Palahniuk, a direção de David Fincher e o trabalho dos atores, inevitavelmente, destacando o trio principal.Edward Norton vive o anônimo protagonista, Brad Pitt é a força que da vida ao inesquecível Tyler Durden e Helena Bonham Carter é a “grande turista” Marla Singer, mulher que se envolve com estes dois homens.Do início até Where is my mind tocar nos créditos finais vai ser impossível ficar indiferente ao impacto de Clube da Luta.

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