Má Educação (ou Quando os demônios invadem seu paraíso)

Se existisse um show room do inferno, provavelmente isto seria uma seção de Harry Potter e o Enigma do Príncipe, dublado e cheia de adolescentes mal educados.Não se deseja algo do tipo nem ao pior inimigo, passei por isso na semana passada e sei o quanto é desgastante.Fui submetido a tal martírio pelo colégio onde estudo, que executará amanhã uma prova de física com assuntos contextualizados no filme.Sobrevivi à barbárie e venho a estes repartir ressonâncias quanto ao episódio e sobre o que conseguir assistir do sofrível filme.
Constantemente vou ao cinema.Fazer isso traz bem estar e alivio a minha rotineira existência.Faço questão de freqüentar as salas de exibição em horários aos quais sei que não cruzarei com adolescentes, apesar de ser um.Por muitas ocasiões sou o único em meio a um público predominantemente composto por adultos de meia idade, que na maioria das vezes me encaram como se o próprio anticristo tivesse adentrado ao ambiente.O que aconteceu fez-me compreender melhor o que minha presença pode representar para aquelas pessoas: Pipoca sendo usada para fins não alimentícios, uso de celular e câmera digital em momento impróprio, sem contar nas intermináveis conversas em alto tom de voz (leia GRITARIA).Estes animais imaturos não possuem um pingo de educação domestica, limite, respeito para com próximo ou elegância. O déficit de atenção destes seres é inferior ao de uma criança pequena.Aliás, comparar o déficit de atenção daqueles indivíduos com o de criancinhas é uma retumbante injustiça, considerando que qualquer guri de dois anos bem educado por seus pais consegue manter-se atento e em silêncio durante a exibição de uma película. Lógico que para toda a regra existem exceções.Se já não fosse suficiente ter de aturar os hormônios descontrolados dos que estavam na platéia, os hormônios dos que estudam em Hogwarts também estavam à flor da pele.
Deus sabe que nada tenho contra J.K Rowling ou suas criações.Li quase toda a saga de Harry Potter.Aquele papo de magia me encantou até os treze anos, depois não comi mais nada daquela alface.Quanto às adaptações para cinema, só assisti as três primeiras e agora esta.Harry Potter e o Enigma do Príncipe é uma afronta aos fãs dos livros e um exercício de perseverança e paciência para quem não gosta muito de bruxaria.O inicio com os comensais da morte barbarizando em Londres e derrubando a Ponte Millenium até chega semear a esperança de um bom longa no coração do telespectador.O visual do filme é sombrio, o que vem a calhar, se considerarmos que o sexto livro da série no qual se baseia o filme é muito mais sobre Voldemort do que sobre seu herói.Não caia nesta lorota.Com o andar da carruagem o telespectador assiste ao desenrolar de um roteiro que prioriza em demasia as paixões juvenis de seus personagens, o que resulta em uma comédia romântica engraçadinha e de quinta categoria que se perde nos minutos finais de projeção.Momentos que no livro levam o leitor ao nervosismo, como a morte de Alvo Dumbledore e a visita à caverna que guarda uma das horcruxes, tornam-se seqüências anticlimáticos que não induzem a nenhuma emoção.Perigo e tensão rondam a comunidade bruxa e David Yates é incapaz de entregar uma só seqüência que imprima isso.A performance de boa parte do elenco é aceitável e talentos como os de Alan Rickman (Snape) e Helena Bonham Carter (Belatriz) são mal utilizados.
Em suma, Harry Potter e o Enigma do Príncipe deve ser encarado como uma afronta aos fãs e um tedioso exercício de paciência e perseverança para aqueles que não morrem de amores pelo personagem e seu universo.Se resolver assistir ao filme, desejo-lhe força.E se chegando na seção do filme, adolescentes mal educados forem a maioria, saia correndo ou tome uma caixa de calmantes e anestésicos, porque encarar tudo isso sóbrio é dose.